O diagnóstico de uma gestação gemelar é feito facilmente pela realização de uma ultrassonografia e deve ser feito precocemente, ainda no primeiro trimestre de gestação. Ao exame físico o médico pode encontrar alguns dados sugestivos, porém em sua grande maioria são sinais tardios e que podem ser de interpretação duvidosa, como por exemplo, um tamanho uterino maior do que o esperado para a idade gestacional.
Qualquer gestação já acarreta uma série de alterações no organismo da mulher, contudo, a gestação múltipla pode intensificar ainda mais algumas mudanças. O aumento do volume circulante no organismo materno é maior em gestações gemelares quando comparadas às únicas, também ocorre um aumento do débito cardíaco (volume de sangue bombeado pelo coração por minuto) de 20% em relação às gestações únicas. Pode, ainda, ser mais frequente a presença de falta de ar nestas gestações pelo grande volume abdominal.
Quanto às complicações obstétricas, a gestação múltipla aumenta o risco do surgimento de praticamente todas estas complicações. Uma das complicações mais freqüentes é a hipertensão arterial, na forma de pré-eclâmpsia. A relação com diabetes gestacional ainda permanece controversa: enquanto alguns autores sustentam que há maiores riscos, outros não corroboram com esta afirmativa.
A gestação gemelar é reconhecidamente um fator de risco para óbito fetal, sendo 7 vezes maior nesta situação. Diversas complicações, que podem levar a este quadro são mais frequentes nesta situação quando comparadas com as gestações únicas. Entre elas podemos citar a prematuridade, que pode ser encontrada em até 50% dos casos de gestação gemelar.
Outra complicação que acomete cerca de 10% das gestações múltiplas é a amniorrexe prematura (rotura da bolsa antes do termo), assim como a restrição do crescimento fetal possui 10 vezes mais chance de ocorrer quando comparada com a gestação única. Alguns estudos apontam, também, para um maior risco de malformação fetal em gestações múltiplas.
Diversas outras complicações podem ocorrer e devem ser bem entendidas pelo obstetra, todavia a discordância de crescimento entre os fetos e a síndrome de transfusão feto-fetal são duas complicações específicas de gestações múltiplas bastante frequentes. A primeira ainda não é considerada um fator de risco fetal isoladamente e pode ser atribuída a diversos fatores, enquanto a segunda baseia-se na transferência de sangue desigual entre os fetos e acarreta um grande risco fetal.
O acompanhamento pré-natal das pacientes com gestações múltiplas necessita de um maior número de consultas, contudo o número mínimo de consultas não é fixo, sendo dependente de diversos fatores, inclusive a presença ou não de complicações. É importante e deve ser considerada a abordagem multidisciplinar destas gestantes, com atendimento de nutricionistas e psicólogos em conjunto.
Os exames laboratoriais são os mesmo daqueles realizados em gestações únicas, podendo haver, apenas, uma avaliação mais rigorosa de anemia materna, que é mais freqüente nas gestações múltiplas. Entretanto, o uso do exame ultrassonográfico periodicamente é de extrema importância nestas gestações, sendo realizado com maior freqüência, principalmente a partir da 16ª semana.
Não é bem definida, ainda, a idade gestacional ideal para a resolução da gestação gemelar. Sabe-se que os riscos de mortalidade começam a aumentar em torno da 38ª semana. Assim como não é bem estabelecida a melhor via de parto, contudo, estudos demonstram que o parto cesáreo eletivo, em gestações a termo, pode reduzir em até 75% os riscos de óbito fetal perinatal.