Mitos e Verdades sobre a Gravidez

Ao longo dos nove meses de gestação, a mulher passa por um turbilhão de mudanças físicas e, principalmente, hormonais.  O crescimento do feto no interior do útero da mãe altera de maneira evidente a silhueta da gestante e, também, os seios, que começam a ficar mais inchados devido à produção de leite.
As modificações acontecem por causa da alta descarga hormonal que prepara o corpo da mãe para abrigar o feto. São produzidos em grande quantidade os hormônios progesterona, responsável por manter o metabolismo da gravidez, estrogênio, que favorece a dilatação dos vasos e prepara o corpo para o aumento do volume de sangue em veias e artérias, e a prolactina, que deixa as glândulas mamárias aptas para amamentação.
À medida que o bebê cresce na barriga, as taxas hormonais se elevam no organismo da mãe, influenciando as emoções e sentimentos da gestante. Ela fica, então, nesse redemoinho emotivo, mais suscetível ao bombardeio de teorias dos mais supersticiosos, que tentam dar dicas e orientar a futura mãe com nenhuma ou quase nenhuma base científica.


É um tal de “barriga pontuda é sinal de menina”, “grávida têm que comer por dois”, “cerveja preta ajuda a produzir leite”… Mas, segundo o ginecologista e obstetra Dr. Guilherme Fernandes, da SOGESP (Associação de Obstetrícia e  Ginecologia de São Paulo), muitas dessas teorias não têm fundamentos científicos. Tire suas dúvidas sobre o que é mito, o que é verdade e o que tem uma ponta de verdade.
Se a barriga estiver pontuda, é menina; arredondada, é menino.
Mito. Não existe nenhuma influência do sexo do bebê no formato da barriga. “A barriga da mãe cresce conforme anatomia e genética da gestante, sem nenhuma influência do sexo do feto”, explica o Dr. Fernandes.
Mulher grávida não pode fazer sexo.
Depende. Se a gestante apresentar sangramento vaginal ou placenta de inserção baixa (quando a placenta fica na parte inferior do útero, cobrindo o colo do útero), ela está proibida de fazer sexo durante a gravidez. Nesses casos, a prática pode estimular mais sangramento e contração do útero, provocando parto prematuro. Caso contrário, o sexo está liberado, ainda mais que a libido aumenta durante a gestação devido à explosão hormonal.
O feto consegue sentir quando há relação sexual entre o casal.
Mito. O feto esta dentro do útero da mãe e não no canal vaginal, onde é feita a penetração. “Não existe a menor probabilidade de o pênis atravessar o colo do útero e entrar no útero da mãe. Além disso, existem membranas da placenta que servem para proteger o feto de contrações mecânicas, como as que ocorrem durante o sexo”, esclarece o Dr. Fernandes.
Se a grávida tem muita azia, é porque o bebê vai ser cabeludo.
Mito. O que vai definir se o bebê vai ser ou não cabeludo é a genética, e não, a azia. Os enjoos aparecem porque o útero pressiona o estômago, causando um refluxo do ácido estomacal e, também, por causa das altas taxas de progesterona, que em grande quantidade acabam causando azias.
Se a mulher teve o primeiro filho por parto cesariana, não poderá ter o próximo por parto normal.
Depende.  Para o Dr. Guilherme Fernandes, essa afirmação está metade correta e metade incorreta. “Muitas vezes a mãe não faz o primeiro parto normal porque não tem dilatação necessária para isso. Após uma cesariana, o útero se recupera, mas fica com uma cicatriz que pode romper com as contrações do trabalho de parto normal. Essa possibilidade é mínima, de apenas 0,03%”, explica. Outro fator que pesa na hora de optar pela cesariana em um segundo parto é que a maioria das mulheres está optando por engravidar mais tarde. “Quanto maior a idade, menor a intensidade e o número de contrações”, afirma o Dr. Fernandes.
Mulher grávida tem que comer por dois.
Mito. Se a grávida comer por dois pode acabar engordando. O Dr. Guilherme Fernandes lembra que gestante gorda aumenta o risco de parto prematuro, óbito da criança, dificuldade no trabalho de parto, diabetes na gravidez, hipertensão e distúrbio na tireóide, além de contribuir para o aumento de peso do feto, que pode nascer obeso. Ao longo do dia, devem ser feita de seis a sete refeições balanceadas e bem distribuídas. É importante que a gestante consuma proteína e carboidrato, pois essas são as principais fontes da energia que passa da mãe para o feto. Mas sem exageros!
Se os desejos alimentares da grávida não forem realizados, a criança pode nascer com algum sinal.
Mito.  “Isso não passa de uma superstição e, até mesmo, chantagem emocional da grávida”, desmistifica o Dr. Fernandes. As vontades repentinas realmente existem e, segundo estudos ainda em andamento, podem ser reflexos das carências nutritivas do bebê, transmitidos via placenta até o cérebro da mãe. O reflexo então seria processado na forma de algum alimento. “Se o bebê necessita de carboidrato, a mensagem será levada ao cérebro da mãe, que irá decodificar esse sinal em formato de imagem, provavelmente de algum alimento com carboidrato, podendo ser uma torta de morango ou uma coxinha”, explica o ginecologista.
Tomar cerveja preta melhora a produção de leite.
Mito.  Não há nenhum estudo científico que comprove a relação entre o alimento consumido e o aumento da produção do leite. O que pode acontecer é o sabor do leite sofrer alteração de acordo com a alimentação da mãe.
Grávidas sentem mais calor.
Verdade. Devido à aceleração do metabolismo por conta da gestação, as grávidas tendem a suar mais e a sentir mais calor.
A gestante não deve praticar exercícios físicos.
Mito. Primeiro, a grávida deve passar por uma avaliação médica completa e, se estiver livre de fatores de risco, ela pode fazer atividade física com moderação. Na gravidez são indicados esportes com baixo impacto, como caminhadas, ioga, natação e hidroginástica.
Se a grávida cruza as pernas, pode criar voltas no cordão umbilical e enforcar o bebê.
Mito.  Durante todo o período da gestação o bebê se enrola no cordão umbilical. Os movimentos da mãe não interferem nesse deslocamento e muito menos colocam o feto em risco. São raros os casos dos bebês que se enforcam com o cordão umbilical, e isso acontece apenas se o cordão for menor que o normal.
Grávidas podem ficar com a pele manchada por causa do sol.
Verdade. Toda grávida tem mais tendência a ter manchas na pele por causa do aumento da liberação de melanina na pele. O ideal é que a grávida utilize protetor solar no rosto e, principalmente, na barriga, onde há maior concentração dessa proteína.
COMPARTILHE:

G+